A UNE recebeu R$ 44 milhões de dinheiro público para a construção de sua nova sede e ela não saiu do papel.
A UNE nunca recebeu dinheiro público para a construção de sua sede. O que a entidade recebeu na verdade foi uma indenização do Estado brasileiro, no valor de R$ 44,6 milhões, em nome da perseguição, do sequestro, da tortura e do assassinato de seus militantes durante a ditadura, além do incêndio e da demolição do seu prédio por parte do governo militar. Segundo levantamento da Comissão da Verdade da UNE — baseada em dados compilados pela Comissão Nacional da Verdade —, 85 estudantes universitários foram mortos pelos militares, entre os quais dois líderes da UNE, Honestino Guimarães e Helenira Rezende.
A indenização da UNE foi aprovada por unanimidade no Congresso Nacional no ano de 2010, com votos de parlamentares de todos os partidos. Com esse recurso, a UNE está construindo um novo prédio no seu endereço Praia do Flamengo, número 132, no Rio de Janeiro. Com obras já avançadas, a nova Casa do Poder Jovem projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer abrigará o Museu da Memória do Movimento Estudantil, um centro cultural e o teatro dos estudantes. O edifício está previsto para ser entregue em 2017.
O BOATO:
A UNE fraudou convênios com o governo federal e utilizou de forma irregular dinheiro público, inclusive para a compra de bebidas alcóolicas.
A VERDADE:
Todos os convênios realizados pela UNE, seja com o governo federal, estadual, municipal ou iniciativa privada, são destinados exclusivamente para a estrutura de suas grandes atividades nacionais como o Congresso da UNE, a Bienal da UNE e as Caravanas da UNE pelo Brasil. Os recursos permitem o transporte, a montagem do alojamento e estrutura de alimentação de milhares de estudantes, a passagem e hospedagem de palestrantes convidados como professores e especialistas do país e do exterior, a confecção de painéis, lonas, cartazes, panfletos, crachás, certificados e todo o material gráfico do evento, os palcos, som, luz e cachê artístico para as atividades culturais, além da sinalização e divulgação em diversas mídias. Como é exigido pela lei, as prestações de contas detalhadas de todas essas atividades são encaminhadas para o Tribunal de Contas da União (TCU), que é o órgão competente para analisá-las e aprová-las.
Sobre as bebidas alcóolicas, durante a abertura da 5ª Bienal de Arte e Cultura, da UNE, em 2007, com o tema “Brasil-África: Um rio chamado Atlântico” foi realizado um espetáculo de valorização da cultura afro-brasileira chamado “Homenagem aos Orixás”, cujo cenário era composto por elementos da culinária e da cultura religiosa de matriz africana, como búzios, velas, flores e bebidas. Por se tratar do espetáculo de abertura da Bienal a atividade tinha vínculo com o objeto do convênio. Bebidas alcóolicas também são compradas para camarins de shows, por exigência contratuais de artistas, como é realizado de praxe em todos os eventos do país. Todas as contas das atividades foram submetidas de forma totalmente regular aos órgãos competentes e a UNE se colocou à disposição para quaisquer esclarecimentos.
O BOATO:
A UNE não revela como utiliza os recursos da emissão da carteirinha de estudante.
A VERDADE:
Sim, a UNE revela como utiliza os recursos do Documento do Estudante. São utilizados da seguinte forma: Primeiramente, é gasto o montante necessário para os custos fixos da produção como profissionais envolvidos, gráficas, sistemas de tecnologia e administração. O restante é dividido da seguinte forma: 30% são destinados aos centros e diretórios acadêmicos cadastrados que requisitarem o repasse; 25% são destinados aos diretórios centrais dos estudantes cadastrados que requisitarem o repasse; 25% são destinados às Uniões Estaduais de Estudantes cadastradas que requisitarem o repasse e 20% são destinados para a UNE.
Para demais dúvidas sobre o Documento do Estudante, acesse aqui.
O BOATO:
A UNE é petista, ou comunista, ou esquerdista.
A VERDADE:
A UNE está completando 80 anos de existência e é uma grande referência para a democracia no Brasil em vários momentos históricos. Seus integrantes foram torturados e mortos pelas duas ditaduras brasileiras para garantir a liberdade ideológica e a presença da total pluralidade na sociedade. Exatamente por isso, a UNE tem relação de completa independência, política ou financeira, em relação a qualquer grupo. Participam da UNE estudantes ligados a todas as ideologias, filiados aos mais diversos partidos, além de uma imensa maioria que não é filiada a nenhum partido. Estão construindo e disputando a UNE tanto a juventude do PT e do PSDB, do Psol e do DEM, do PCdoB e do PMDB, de coletivos de cultura, mulheres e negros, o pessoal dos grupos de pesquisa e das empresas juniores, as atléticas, e tantos outros que quiserem participar.
O BOATO:
A UNE não se preocupou com os cortes na educação do governo Dilma e não fez nada contra os cortes no FIES.
A VERDADE:
Desde os primeiros dias do segundo mandato de Dilma, a UNE foi contra a sua política econômica e realizou diversas manifestações contra o ajuste fiscal do ministro Joaquim Levy. A entidade denunciou e protestou insistentemente contra o corte vergonhosos de mais de R$ 10 bilhões no orçamento da Educação em 2015, lançando a campanha “Nem um centavo a menos”. No mês de junho daquele ano, após o 54º Congresso da UNE em Goiânia (GO), centenas de estudantes marcharam até Brasília, onde montaram um acampamento em frente ao Ministério da Fazenda contra os cortes na educação. A entidade entende que os estudantes não devem pagar pela crise e defende como alternativas a auditoria da dívida pública, a regulamentação do imposto sobre grandes fortunas, aumento do imposto sobre heranças e imposto progressivo: os ricos têm que pagar mais impostos. A UNE também sempre protestou e, principalmente, lutou contra as mudanças no FIES. A entidade chegou a entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal para impedir o aumento de juros no programa.
O BOATO:
A UNE não é democrática nas suas eleições.
A VERDADE:
As eleições na UNE são realizadas em duas etapas. Na primeira, de forma direta, os estudantes de cada universidade do país votam nas chapas de delegados que se apresentarem para o encontro. Durante esse processo, são realizados debates com os estudantes e as chapas trazem suas propostas e posicionamentos para todos os universitários. Os delegados eleitos seguem então, com direito a voto, para o Congresso da UNE, onde decidem a segunda etapa da eleição de forma congressual, como acontece em outras entidades como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e a Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
Durante o Congresso, as chapas se organizam em teses apresentadas, amplamente discutidas e votadas na plenária final. O mais importante é que nas eleições da UNE não existem vencedores e perdedores. Todas as chapas inscritas acabam participando de forma proporcional da diretoria eleita, na medida dos votos que cada uma recebeu. As chapas indicam, dessa forma, os seus representantes para serem os diretores da UNE nos próximos dois anos.